20 de março de 2011

“Aqui é trabalho!” – O Santos e Muricy


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Após os últimos resultados negativos, há quem diga que o cogitado técnico Muricy Ramalho seria perfeito para arrumar a equipe do Santos. Já outros acreditam que a filosofia de um time ofensivo, bem clara no clube, não permitiria o mesmo sucesso que o treinador obteve no rival São Paulo e no Fluminense.

Confesso que tenho curiosidade em ver esse ofensivo Santos com um toque de Muricy ou, como queiram, o defensivo Muricy aliado à ofensividade da equipe santista.

Quanto ao embate de filosofias entre o treinador e o clube, penso que, a princípio, não haveria problemas. Não acredito que Muricy, nem nenhum outro técnico no mundo, deixariam de escalar Neymar, Ganso e Elano, ou promoveriam alterações táticas para limitar a ofensividade da equipe. O Santos com esses jogadores é ofensivo por si só, precisa e joga com a bola no pé, com movimentação intensa de seus homens de ataque. Se hoje o Santos passa por um momento ruim, é por não conseguir ter volume de jogo com a bola nos pés, fruto de uma marcação deficiente que começa desde o ataque, até os jogadores de defesa.

A equipe santista, presa ao que foi o Santos do ano passado, tenta repetir o sucesso buscando uma mesma forma de jogar, em vão. Hoje, o time santista, com peças diferentes da alucinante equipe campeã em 2010, pode criar outro sistema de jogo com outras táticas e e estratégias, sem deixar de ser contundente e ofensiva como no ano anterior.

Santos de 2010: Equipe atual ainda presa a esse sistema, mesmo sem as peças necessárias para executá-lo.

Muricy promoveria a mudança necessária. O treinador, que sabe estruturar dentro de campo as peças que possui, tem a capacidade de aproveitar o desempenho máximo de cada jogador, fazendo prevalecer a qualidade do elenco frente às dificuldades apresentadas nesse ano de 2011.

No São Paulo, o rabugento treinador, pedia à diretoria, a contratação de um meia. Nunca atendido, ele trabalhou com o que tinha em mãos, e foi Tri-campeão brasileiro. Com solidez defensiva, o time atacava pelas laterais, com alas ultra-ofensivos, suprindo a carência do meio.

Já em sua passagem pelo Fluminense, Muricy teve em mãos o meia que sempre quis no São Paulo, Conca. A equipe apresentou uma capacidade de se adaptar a diversos esquemas, e o Fluminense, com laterais ofensivos, cobertos pelos volantes, apresentava ultrapassagens e movimentações, que eram munidas pelas enfiadas de bola de Conca.

Hoje, os problemas do Santos são inúmeros, começando com uma marcação muito deficiente. Neymar, Ganso e Zé Eduardo não têm função tática sem bola, nem acompanhando os laterais, nem pressionando a saída de bola. A transição defensiva da equipe se dá de forma muito lenta. Elano, devido ao seu posicionamento inicial, demora na recomposição do meio campo. Ao invés da cobertura defensiva feita pelos laterais, Adriano é o responsável por encostar na zaga, fazendo um dos zagueiros sobrar. Enquanto isso, Léo, longe do seu auge, e ora Danilo, ora Pará, marcam os meias das pontas ou os alas, de acordo com o adversário. Tudo isso faz o Santos apresentar uma inferioridade numérica muito clara em seu meio campo. Veja o vídeo explicativo a seguir, para melhor entendimento.


Quando a transição ofensiva do adversário é mais rápida, como foi a do Colo-Colo, os problemas se acentuam. Além da inferioridade numérica no meio campo, a zaga, muito lenta, não consegue conter o rápido contra-ataque. O terceiro gol do Colo-Colo traz outra deficiência, a bola parada. A defesa santista se posta perto do gol de Rafael, atraindo o ataque para a proximidade da pequena área, facilitando o cabeceio de Scotti. Falta de atenção e nervosismo, provocados pelas circunstâncias do jogo. Tente observar no vídeo dos gols da partida, os problemas citados. Inferioridade numérica no meio campo e linha de marcação baixa na bola parada.



Esses erros estão intimamente ligados à preocupação de se jogar como em 2010. Porém esquecem que o Santos, de hoje, é diferente do ano passado. Ganso demorará um pouco até atingir sua melhor condição física. Elano não tem as mesmas características de Robinho. Léo, a cada dia, se distancia mais do seu auge, e Arouca, machucado, faz uma tremenda falta no meio campo, que ano passado, também contava com Wesley.

Muricy deverá reorganizar o time em campo. Posicionamento inicial dos jogadores, estratégias defensivas, e bolas paradas. De acordo com as peças que terá, deverá tirar ao máximo o maior rendimento dos atletas, sem deixar de a ofensividade natural da equipe santista.
E você santista? O que acha de Muricy? Solucionará os problemas da equipe, ou prejudicará o poder ofensivo dela? Comente!

Guilherme Carinhato e Rodrigo Coelho
Equipe TAKTIKUS

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